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planos do ♥

Têm sido dias de muitos planos, muito sol, muita comida boa e muitos mimos. Acordar ao som das gaivotas que dão as boas vindas ao calor, ter um batido cheio de frutas e sementes boas à minha espera e correr até ter os pés na areia quente. O local de eleição, e que só foi descoberto este verão, é a praia morena. Uma extensão de areal a perder de vista, mar a lembrar as águas do sul, chapéus de palha e gente bonita. Sangrias frescas depois de mergulhar na água salgada e saladas de comer e chorar por mais. Horas perdidas a imaginar plantas de casas, marchas nupciais, destinos para a lua de mel e muito, muito amor. Muitos sorrisos cúmplices, muitas caminhadas à beira mar de mãos dadas, muito azul nas fotografias que vão encher as paredes da nossa casa. São estes momentos que levamos no coração, já embalado para um dia tão especial, que está quase à distância de um ano ♥


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Patinhas e papoilas

Olhaste-me nos olhos, naquele último instante, e foi quando percebi que parte de mim me ia abandonar para sempre naquele dia. Perdemo-nos as duas no olhar uma da outra e adormeceste. Quando te embrulhei na minha mantinha de bebé, senti-te mais pequenina do que nunca. Como se tivesses perdido todo o amor que sentia por ti. Levei-te nos braços para a tua casinha no banco de trás do carro. Perdi parte da inocência que caracteriza a juventude dos adolescentes enquanto te conduzia ao lugar onde ficarias a descansar para sempre, por aquelas estradas estreitas. Não consegui deixar de perceber que tudo continuava igual. Os carros que se cruzavam connosco e tu ali, fria, frágil. Foi a única viagem que fiz sem olhar uma única vez pelo espelho retrovisor. A esperança já nos tinha abandonado. Tu, com o coração gelado e as patinhas frias, continuavas deitada no banco de trás, e o mundo continuava à nossa volta. Era verão, o calor envolvia a paisagem e eu não consegui chorar. Lembrei-me de quando passava dias longe de ti e no regresso dormia a noite inteira com o teu calor colado às minhas costas, ou de quando entrava triste e não me perdias de vista um segundo que fosse. Sentavaste nos móveis mais altos e estavas constantemente de vigia. Guardavas a minha infelicidade, numa tentativa que ela não crescesse e transbordasse. Numa tentativa de conteres a minha tristeza. Nós, as duas, no carro, quilómetros de estrada. O teu frio gelava-me as mãos. Estavas tão quieta, tão pequena. Perdeste toda a tua força, a que ainda te fez aguentar um ano de dores e cirurgias. Lutaste com tudo o que tinhas, mas mostraste-me que nada é para sempre. Que é ao desistir que muitas vezes somos mais fortes que tudo o resto. Ao guiar-te reconheci que já não eras minhas, passaste a ser de outra coisa qualquer. Quando te deitei no meio da terra onde saltitavas feliz em tardes de sol, pelo meio das papoilas, eras quase nada. E eu nada fui ao deixar-te para trás. Depois de doze anos contigo no colo, deixei-te ir. Para onde quer que estejas. Mas sei que sempre que o vento embala as papoilas estás de vigia. Aí, onde nada tem substância, mas onde continuas  guardar-me.




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A menina dança?

Chega o momento em que nos sentamos no meio do caminho, sobre o asfalto, e tentamos perceber o motivo que nos levou a escolher aquela direcção. Nunca chega. Perdeu-se entre impulsos e perspectivas que se foram desvanecendo. Pela estrada fora e depois de muitos quilómetros percorridos, não nos reconhecemos na paisagem nem nas pessoas que se cruzam connosco. Somos feitos de outra massa, outros sonhos. Põe-se um pé à frente do outro, porque é a forma mais fácil de lidar com as situações, mas espreitamos para trás sempre que ninguém dê por isso. As más decisões perseguem-nos, a vida sabe a metal e o contexto já não faz qualquer sentido. Deviamos ter escolhido a esquerda e não a direita. Mas é quando essa sabedoria nos atinge que nos apercebemos das pessoas ao nosso lado, as que vão de mãos dadas connosco. As que bateram palmas no início da meta e estrelaram-nos o céu nas noites escuras. As mesmas que não existiriam se a decisão fosse diferente. Tudo tem um objectivo na vida. Mesmo que mais tarde não seja claro e fácil de desvendar. Podemos desperdiçar anos em caminhadas tortuosas e terrenos inclinados, podemos até ficar soterrados em lama até aos joelhos, mas seríamos capazes de voltar tudo atrás? De fazer diferente? Ou podemos, simplesmente, dançar em vez de caminhar?


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Este calor ♥

Não consegueria viver sem mergulhar no mar, ou sem coca-cola. Não conseguiria viver sem os livros do José Luís Peixoto, sem morangos, sem máquina fotográfica. Ou mesmo sem massa, gelados ou ervilhas com ovos escalfados. Sem vestidos compridos, música, tanta música, demasiada música. Só consigo escrever com música. Sem bolas de berlim na praia, sem a natureza por perto. Não conseguiria viver sem as cervejas com os meus amigos, sem conversas com imensa história e já sem futuro. Não conseguiria viver sem filmes que me fazem chorar, sem cigarros nas noites de verão, sem Virginia Wolf, sem sentir tudo avassaladoramente. Chamem-me sentimentalista, emocional, mas tudo o que se passa cá dentro sai em cada letra que escrevo. Ou até sem viajar para longe, sem chinelos no pé, maquilhagem, não conseguiria viver sem andar de mãos dadas. Sem frio. É no outono e no inverno que o mundo é mais bonito, que a luz é mais brilhante, que o meu coração bate mais compassadamente. Mas não conseguiria mesmo viver sem este verão, este mar, esta costa, os cremes pré-solares e pós solares. Não conseguiria viver sem escrever sobre isso. E sem este calor que me tem aquecido os sonhos.


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Sempre as horas

"O que vais fazer agora?"

É esta a pergunta que me persegue os dias. Dos outros e de mim mesma. O que vou fazer agora? A pressão é imensa. A inspiração tem dias e a organização vai e vem. O que vou fazer agora? Não sei. Sendo sincera comigo mesma é só isto. Não sei. O empurrão está dado, fecharam-se as portas, apareceu o calor. E o que vou fazer agora? Podias fotografar, posso. Podias escrever, escrevo. Podias ir à praia, e vou. Podias passear pelas ruas de Lisboa, não me apetece. Podias ler, leio todos os dias.
Mas e quando o livro acaba, a máquina fica sem bateria, os dias azuis dão lugar aos cinzentos e as palavras escondem-se? O que é suposto fazer quando a noite cai e o sono foge? O que é suposto fazer quando vejo toda a gente com planos para mim, mas não me encontro em nenhum deles? O que vou eu fazer agora? Com todos estes dias, todas estas palavras nas estantes, todo este tempo?



"Olhar a vida nos olhos, olhar sempre a vida nos olhos, e conhecê-la como ela é. Conhecê-la por fim, amá-la pelo que é. Acabar com ela. Sempre os anos entre nós, sempre os anos. Sempre o amor. Sempre as horas."

Virginia Woolf - As horas
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O "12" da Raquel

Quando vi a Raquel pessoalmente todas as características que lhe imaginava reflectiram-se no seu sorriso. Cativante, meigo, cheio de histórias para contar e palavras bonitas para oferecer a quem se cruza no seu caminho.

O "12" é um reflexo da Raquel, seja pela Eunice que "todos os dias vestia o seu sorriso mais convincente", ou a Sofia ao "prender-se nos pequenos detalhes que a faziam sorrir" e ao "aprumar o avental, muniu-se do seu melhor sorriso..." e até mesmo o João  que tem "um sorriso malandro e charmoso com aquelas marcas nas bochechas...". Todas as suas personagens têm um bocadinho daquele sorriso, que é do tamanho do mundo inteiro.

E o talento da Raquel é do tamanho do mundo inteiro. 

Por favor, não te retraias pelo facto de "os medos terem destas autoridades estranhas de nos fazer mudar de caminho, mesmo que não seja essa a nossa vontade". O teu caminho é este, o caminho das palavras, dos livros, de passar o que imaginas e sentes para o papel. E é um caminho maravilhoso, sentido, com significado para ti e sobretudo para nós, que te lemos e adoramos. 
Não te esqueças de que "há uma coisa qualquer no amor que faz com que as barreiras se transponham e quebrem com a maior das facilidades..." Agarra no teu amor pelas palavras e transpõe todas as barreiras que te surjam no caminho.

Espero que a Raquel nos continue a fazer sonhar e nunca, nunca perca aquele sorriso ♥


No lançamento do "12" na Livraria Ler Devagar (Lx Factory) e o direito a uma dedicatória que me deixou com um sorriso nos lábios durante dias.

O "12" está à vossa espera, com muito amor ♥

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Um segundo de inspiração


A inspiração continua, cada vez com mais seguidores, e o quanto me faz feliz saber que perdem um segundo do vosso dia a apreciar as minhas fotografias!

Quero agradecer-vos do fundo do ♥

Par | Quadrado | Flores | Quente | Azul | 14h



instagram.com/redecompeixe


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Todas as viagens têm um destino

Sentei-me e esperei. Um pombo pousou numa das muitas placas que assinalam o destino destas linhas férreas. Que correm, correm por muitos e longos quilómetros, trazem e levam pessoas de volta a casa. Também eu estou de volta a casa. À terra que palpita no meu pequeno coração. Estou de volta a estas carruagens que fizeram parte de muitos momentos da minha vida. Momentos bons e menos bons. Ao som de música e de palavras impressas em páginas de papel que trazia sempre no colo. Muitas vezes escrevia as minhas próprias palavras na minha cabeça, passava em revisão toda uma situação imaginária, com personagens e ficção para não cansar o espectador. Mas cansava-me. De sentir, principalmente. Foi numa destas carruagens onde agora entro que chorei o fim do meu primeiro amor, no último comboio da noite. Escondida entre os bancos e a música nos ouvidos, relembrei todas as pequenas coisas e por todas fiz questão de secar as lágrimas. As mesmas que ficaram para trás quando me sentava neste comboio às primeiras horas da madrugada e levava o coração cheio de esperança por uma vida melhor. O mesmo coração cansado que carregava dentro do peito de volta à minha terra quando a esperança morria, por último. Tudo passou, mesmo quando abandonei o comboio ele continuou a seguir os mesmos caminhos, as mesmas linhas do destino, parou nas paragens de sempre e conheceu novas pessoas de todos os dias. Arrancamos à hora, por fim, e escolho o mesmo lugar, aquele que já teve o formato do meu corpo. No colo levo uma nova resma de folhas que me obrigam a abandonar este dia durante alguns minutos. O sol aquece-me as mãos, onde o meu coração descansa. "Não amamos menos um lugar por termos sofrido nele" confessa-me a autora na primeira página. A ironia da verdade que volta a acordar o meu coração meio adormecido e que me faz reviver as viagens de sentimentos tão díspares aqui vividos. Acorda coração, estamos de volta a casa, e não consigo imaginar o fim desta viagem.



"Não amamos menos um lugar por termos sofrido nele", Jane Austen




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Inspiração

A Rita tem um blog e uma página no facebook. A Rita tem muito mais do que isso. Tem um talento arrebatador e um tear. Tem inspiração para dar a volta ao mundo e rodeia-se das coisas mais bonitas para fazer estas peças. Lindas, doces, para quartos de bebés ou para sorrir quando passamos no corredor. A Rita faz sonhos com lãs e pendura-os nas paredes. 
Já conhecem a Rita?




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A felicidade está em nós

Existem em nós algo de grandioso. Quanto mais não seja a capacidade de gerar outro ser humano ou de fazer alguém sorrir. Existem em nós o poder de mudar o mundo e a vontade de criar alguma coisa do nada. O potencial é inesgotável. Existe amor em nós. Existe fé, responsabilidade, grandiosidade. Em mim, em ti, em todos. Dispomos de tudo para o conseguir. Porque é em nós que tudo começa e tudo termina. A determinação e os sonhos tratam do resto. O mundo cabe-nos na palma da mão. E é por isso mesmo que temos dias com sabor a morangos doces e actos gigantescos de bondade. Existe em nós a capacidade de arriscar, de fazer melhor, de fazer o bem. De ajudar quem mais precisa, de dar a volta ao mundo, de registar em palavras o que pensamos. O nosso poder, capacidade e influência na vida têm um propósito. O propósito de encontrarmos a felicidade. Vamos procurá-la?
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Venha o calor



Julho, vamos de férias só os dois? ♥

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Querido Junho


Junho deu-me a liberdade que precisava. Empurrou-me para a frente, no caminho que está desenhado para mim. Acredito que me tenha empurrado para mais perto dos meus sonhos e da minha essência. Junho foi um mês surpreendente. Pela positiva e pela negativa. Mostrou-me a natureza da maior parte das pessoas que me rodeavam, tão queridas e igualmente monstruosas. Junho trouxe-me carácter, decisão, mais dez centímetros de testa. O mês em que saí sem olhar para trás, em que engoli tantas palavras que um dia vou ter de escrever, veneno que tem de ser despejado. Mas Junho, meu querido Junho, deste-me o que supostamente consigo suportar. E é seguindo por este caminho que vou tentar não decepcionar-te.


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